206 ANOS DE MEDICINA

BCOL faculdade de Medicina Agenda de Historia

O ensino universitário no Brasil veio com a família real (Dom João) e foi criado em 18 de fevereiro de 1808, com a faculdade de MEDICINA de Salvador. Na América espanhola havia universidades desde o século XVI. Mas os médicos formados no Brasil só tratavam da elite, cujos problemas eram de indigestão e outros abusos alimentares. Os escravos, que padeciam de problemas típicos do excesso de trabalho, eram atendidos por veterinários ou por curandeiros africanos, caso houvesse um na senzala. O extermínio dos índios e do seu conhecimento das drogas da floresta impediu o aproveitamento da sabedoria milenar nativa.  A carreira de cirurgião não tinha qualquer prestígio, pois se tratava de um procedimento manual, malvisto nas sociedades do Antigo Regime, que prezavam os homens que viviam de renda (nobreza ou clérigos) e infamavam os homens que viviam de trabalhos manuais. A Medicina do Velho Mundo (Europa) era inadequada para o ambiente do Novo Mundo (América). 

Na Marinha portuguesa, o cargo da área da saúde se chamava de cirurgião-barbeiro e as mesmas tesouras usadas para cortar melenas nunca lavadas, eram as mesmas que cortavam gazes e outros tecidos usados em procedimentos cirúrgicos. A assepsia se limitava à ação de afiar a tesoura, se é que este procedimento não aumentava as chances de infecção. O tratamento padrão aos homens que adoeciam a bordo era a flebotomia, ou seja, o sangramento com sanguessugas ou com lancetas (uma espécie de bisturi).  O médico embarcado costumava matar mais do que a marujada de navios inimigos. 

O preconceito contra trabalhos manuais era tão grande que um nobre teve que justificar que sua mulher fazia esculturas sacras (santos) como um atividade de lazer e de fé, pois se ficasse provado que a escultura tinha fins comerciais, o casal seria degradado.  Tiradentes, o militar que ficou mais de 15 anos no mesmo posto, preterido 4 vezes em benefício de lusos ou de filhinhos de papai locais, atuava na Odontologia e arriscava umas receitas médicas.

No RS, a atividade política foi exercida por médicos, como Carlos Barbosa, nascido em Jaguarão, secretário de Borges de Medeiros, que governou o estado por 25 anos, de 1898 a 1928, sendo substituído por Barbosa entre 1908 e 1913. O primeiro diretor da faculdade de Medicina foi Sarmento Leite, o nome atual da rua onde se localiza o prédio da foto. Borges veio inspecionar a construção a cavalo e pediu a Sarmento Leite para segurar as rédeas do animal enquanto vistoriava os trabalhos, sem saber que tinha tomado o diretor da faculdade por um peão qualquer. Avisado do equívoco 30 minutos depois, Borges pediu desculpas ao médico, que desculpou o presidente estadual, mas insistiu em receber uma gorjeta por ter cuidado do animal, pois tal coisa não estava prevista nas suas responsabilidades.

300 MASSACRADOS

BCOL Emboabas Agenda de Historia

Esta postagem não é sobre os 300 de ESPARTA, a guarda pessoal do rei Leônidas, que se sacrificou para impedir a invasão de 2 milhões de soldados persas na Grécia continental, 5 séculos antes de Cristo.

O episódio tá mais para Polícia Militar do agronegócio do Pará, onde 19 sem-terras foram covardemente executados com tiros na nuca em Eldorado do Carajás, abril de 1996. Mas não foi em São Paulo, nem no século XX. Foi em 15 de fevereiro de 1709: 300 bandeirantes paulistas se renderam a uma maioria de forasteiros em troca da promessa das suas vidas, mas foram mortos após a sua rendição, no Capão da Traição, episódio da Guerra dos Emboabas, um conflito entre uma minoria (5%) de descobridores nativos vicentinos e os forasteiros (portugueses e habitantes de outras capitanias), que compunham 95% habitantes e haviam chegado há pouco, atraídos pela descoberta do ouro. Emboabas em tupi, significa pinto calçudo, pois os forasteiros usavam botas, enquanto os rústicos paulistas andavam descalços.

O amadorístico desenho foi feito pelo professor Pedro Lairihoy e mostra a disputa entre a maioria de forasteiros (que usavam botas) e a minoria de paulistas. Brigam pela bateia, a gamela usada para lavar as areias dos rios e separar a areia dos metais preciosos. O episódio é relatado na AGENDA DE HISTÓRIA, que será publicada daqui a algumas semanas. Este desenho não consta da Agenda, mas o conteúdo (similar) consta.

Para conhecer a AGENDA DE HISTÓRIA, confira:

https://t.co/Y6J2VNDX9D

A Agenda será um grande manual tuitado de História, mas os textos costumam ter 4 linhas (aproximadamente 300 caracteres, um pouco mais de 2 tuítes).

QUESTÃO ROMANA: ESCAMBO FASCISTA

XIX Questão Romana Agenda de História

A unificação italiana, segundo Maquiavel, dependia do surgimento de um Príncipe forte, mas não ocorreu no século XVI porque os reis vizinhos eram mais fortes (a Espanha dos Habsburgos e a França dos Valois) e invadiram a península para disputar a hegemonia sobre o que foi o centro do Império Romano, 12 séculos antes. E a unificação não veio nos 300 anos seguintes. Os austríacos (Habsburgos) ocupavam o norte e derrotaram as forças do Piemonte mais de uma vez. Os franceses, agora com Napoleão III, mantinham uma guarnição em Roma, para proteger o Papa e satisfazer os católicos da França. Os austríacos foram derrotados no século XIX, mas faltava Roma. A Guerra Franco-Prussiana (1870) fez Napoleão III repatriar a guarnição sediada na Itália, mas isso não o impediu de ser derrotado no campo de batalha, aprisionado pelos prussianos e afastado pelos próprios franceses, que criaram a III República. O Papa Pio IX, com sua minúscula Guarda Suíça, nada pode fazer contra os exércitos unificadores do Piemonte e não quis negociar com o novo estado italiano, unificado sob a forma monárquica. O Pontífice declarou-se PRISIONEIRO do novo Estado italiano em 1870.

Dois papas e 59 anos depois na Unificação Italiana, em 11 de fevereiro de 1929, Benito Mussolini assinou o Tratado de Latrão, reconhecendo o Vaticano como estado soberano, oferecendo indenização pelos Estados Pontifícios e reconhecendo o Catolicismo como a religião oficial do país. Em troca, a Igreja Católica apoiaria o fascismo. 

O estado laico recuou na Itália, mas isso pouca diferença fez, pois a democracia e os partidos desapareceram em vários países. Nos anos 30 havia uma única ditadura de esquerda (a URSS, de Stalin), mas proliferavam as de direita: Francisco Franco (Espanha), Salazar (Portugal), Pilsudski (Polônia), Horthy (Hungria), Hitler (Alemanha e Áustria) e outros menos conhecidos.

A presente postagem faz parte da AGENDA DE HISTÓRIA, um publicação que deve ser lançada em algumas semanas, elaborada pelo professor Pedro Lairihoy, do Dominó de História Curso Pré-Vestibular, composta de 366 textos de História do Brasil, 366 textos de História Geral, 610 datas e / ou Atualidades comentadas. O volume conta com 160 imagens do Dominó de História e com 12 ilustrações da quadrinista e arquiteta Ana Koehler.

Conheça Ana Koehler, quadrinista, arquiteta e ilustradora da Agenda de História:

https://t.co/b2IjgFo1zu

Capa do folder de divulgação da AGENDA DE HISTÓRIA:

https://t.co/Y6J2VNDX9D

FANTASMAS FERROVIÁRIOS

RVEV Ferrovia Madeira Mamoré Agenda de História

Uma vitória brasileira, a conquista do ACRE (Tratado de Petrópolis, 1903) por ação do Barão do Rio Branco (falecido em 10 de fevereiro de 1912), trouxe um compromisso do Brasil com a Bolívia: a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Ela foi inaugurada em 1912, no mesmo ano em que morreu o Barão. O projeto de construção já vinha do século XIX e uma empresa inglesa levou 10 anos para fazer os primeiros 6 km. Ao todo, até a sua inauguração, 30 mil pessoas, de 40 nacionalidades haviam morrido, mas a maioria foi de caboclos brasileiros. A construção lembra o Exército da Borracha (trabalhadores nordestinos mandados à Amazônia durante a Segunda Guerra Mundial): 15 mil mortes, enquanto na frente de batalha da Europa morreram menos de 500 soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Quando a ferrovia ficou pronta (1912), a produção de borracha brasileira (látex) entrou em crise, perdendo mercado para as produções concorrentes das colônias inglesas no extremo oriente.

O desenho acima (um esboço) foi criado para ilustrar a AGENDA DE HISTÓRIA, do Dominó de História Curso Pré-Vestibular. A Agenda será publicada em algumas semanas e servirá para qualquer pessoa que goste de História, Atualidades e Curiosidades. A Agenda tem 366 pequenos textos de História do Brasil e mais 366 textos de História Geral (Mundial), além de 630 datas comentadas. A presente postagem está relacionada à morte do Barão de Rio Branco, que preparou o Tratado de Petrópolis (17 de novembro de 1903).

Conheça Ana Koehler, quadrinista, arquiteta e ilustradora da Agenda de História:

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Capa do folder de divulgação da AGENDA DE HISTÓRIA:

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UM MINISTRO, 4 PRESIDENTES

RVEV Barão do Rio Branco Agenda de Historia

O pai dele era do Partido Conservador e foi o Primeiro-Ministro que ocupou o cargo por mais tempo no Segundo Reinado: 4 anos e 3 meses (por curiosidade: o mandato mais curto foi de 3 dias). A Lei Rio Branco (1871), publicada durante o seu governo também é conhecida como a Lei do Ventre Livre.  O pai era o Visconde do Rio Branco, o filho, José Maria da Silva Paranhos Júnior, virou Barão e foi mais importante na fase republicana do que na monárquica. Faleceu em 10 de fevereiro de 1912. Passou alguns anos em cargos obscuros, mas ganhou o cargo de cônsul-geral (1876) em Liverpool, a terra dos Beatles, mas nesta época, um dos mais importantes centros industriais ingleses, como Manchester.  

A morte de um diplomata brasileiro, que tratava de limites com a Argentina, colocou-o na responsabilidade da disputa do território de Palmas (36 mil km quadrados). Saiu-se vitorioso e começou a fama de conquistador de territórios.

Na República velha (1889 a 1930) veio o reconhecimento da sua capacidade com a indicado Ministro das Relações Exteriores pelo presidente paulista Rodrigues Alves (1902 a 1906). Os 3 presidentes seguintes mantiveram-no no cargo até o seu falecimento:  Afonso Pena (mineiro), Nilo Peçanha (carioca) e  Hermes da Fonseca (gaúcho e militar). Rio Branco percebeu que a hegemonia mundial passava pelos Estados Unidos, pois a Inglaterra tinha um indústria envelhecida e estava em constantes disputas com a França e a recém-unificada Alemanha por longínquos territórios coloniais.

A principal vitória de Rio Branco foi a conquista do ACRE (Tratado de Petrópolis), mas isto será relatado em uma outra postagem. Quando ele morreu, o carnaval foi adiado para abril, mas a população comemorou a festa duas vezes, graças ao Barão.

O Barão ganhou a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Uma das suas obras foi a publicação das EFEMÉRIDES BRASILEIRAS. Segundo o próprio Barão, o que aconteceu no dia da sua morte (porém muito antes)? Em 10 de fevereiro de 1756, o exército guarani-missioneiro (refratário ao Tratado de Madri) foi derrotado por tropas luso-espanholas na Batalha de Caiboaté. Em 1792, Dom João assume a Regência de Portugal devido à loucura da mãe, Dona Maria I. Quando a mãe morreu, o Príncipe Regente virou Dom João VI. E em 20 de abril, dia do nascimento de Rio Branco? Em 20 de abril de 1632 o brasileiro Calabar passou-se para o lado dos invasores holandeses.

CERCAMENTOS (privatização da terra)

Moderna Cercamentos Dicionario Virtual

ENCLOSURES ou CERCAMENTOS

A partir do século XV, parte da nobreza inglesa (gentry) iniciou a apropriação das terras da população pobre camponesa. Senhores feudais passaram a cercar os open fields (campos abertos), que eram compartilhados por aldeões pobres ou pequenos proprietários, sem terras para pastagens de seus poucos animais. Também servia para coleta de lenha e caça de pequenos animais. Ninguém tinha título sobre os open fields. O uso deles pela comunidade era costume consagrado. Os Senhores se apropriaram   e a autoridade a quem cabia decidir as disputar entre Senhores privatizadores e camponeses lesados era o próprio Senhor cercador. Thomas Morus, na obra Utopia, diz que os carneiros se tornaram devoradores de homens. O cercamento foi feito para ampliar a produção de lã, que era exportada para os Países-Baixos e Itália para indústrias têxteis artesanais.

Ao longo da Idade Moderna (1453 a 1789) o cercamento foi se incrementando e deixou de ser obra de Senhores isolados e passou a ser um ato do Parlamento, que colocou todas as terras comunitárias à venda. O cercamento mais global foi feito no século XIX e o objetivo não era produzir lã, mas produzir trigo para manter baixos os salários dos proletários. A Inglaterra já tinha passado por sua primeira Revolução Industrial. Os cercamentos acabaram produzindo mão de obra barata (camponeses expulsos) e novidades tecnológicas, pois substituiu-se o sistema de 3 campos (duas culturas e um campo de pousio) pelo de 4 campos (sem pousio). O gado aumentou de peso. Se fosse hoje, o vocabulário adequado seria

1) Gentry inglesa (cercadora): uma mistura de agronegócio, bancada ruralista e coronelismo pistoleiro.  

2) Camponeses expulsos: os sem-terra, os boias-frias, habitantes da periferia, vítimas do êxodo rural.

3) Cercamentos: grilagem. Uma espécie de reforma agrária às avessas, com requintes de bandidagem. Terras públicas (mas sem titulação de propriedade), ou privadas (mas sem herdeiros) são apropriadas a partir de documentos falsificados, produzidos com ajuda de funcionários de cartórios ou de algum órgão público fiscalizador.

Mais uma coisa em comum: sem conivência das autoridades públicas, nenhuma das pilantragens agrárias seria possível. Na Roma antiga (133 antes de Cristo), dois tribunos da plebe quiseram barrar a privatização das terras pelo patriciado (Senadores) e acabaram mortos com milhares de seguidores: Tibério e Caio Graco. Os corpos dos defensores da obediência à lei Licínia-Sêxtia (que fixa limite para terra pública a ser ocupada, como arrendamento,  por um particular) entupiram os esgotos da cidade. Exemplo de massacres modernos similares: Eldorado do Carajás (17 de abril 1996), que tem todos os elementos necessários à receita: governador de partido neoliberal, agronegócio, polícia-bandida, senhores ruralistas e sem-terras com tiros na nuca.

A ditadura militar brasileira aperfeiçoou o sistema de Capitanias Hereditárias, criando o Estatuto da Terra, supostamente para redistribuir renda, mas serviu para imobilizar projetos desconcentradores da renda. Como a política agrária da ditadura só deu certo para as commodities, o último general, presidente Figueiredo, criou o MEAF (Ministério Extraordinário para Assuntos Fundiários), com um ministro militar. 

Sugestão de leitura: Dicionário da Terra, organizado por Márcia Motta, Editora Civilização Brasileira, 2005.

Este texto faz parte do DICIONÁRIO VIRTUAL DO DOMINÓ DE HISTÓRIA. O critério de seleção de verbetes foi a ocorrência em vestibulares e vinculações com aspectos da história da Inglaterra que se relacionam com o mundo e com o Brasil.

QUILOMBO dos PALMARES DESTRUÍDO

BCOL Palmares Agenda de Historia

319 anos do massacre de Palmares. Em 6 de fevereiro de 1695 o mais famoso e estudado quilombo brasileiro foi destruído. O quilombo dos Palmares tinha 60 anos de idade, mas o primeiro quilombo registrado (pela repressão) nasceu na Bahia, 1575, ou seja, antecedeu em 60 anos o nascimento de Palmares. Para as autoridades coloniais, 5 negros arranchados em volta de um pilão (para fazer farinha) e dispostos a resistir à recaptura já eram um quilombo. O de Palmares foi destruído pelo mesmo motivo que os coronéis nordestinos da República Velha (1889 a 1930) queria destruir o arraial de Canudos: a propriedade coletiva funcionava como atrativo de pobres,  rejeitados ou oprimidos por sistemas produtivos injustos. O empreiteiro da chacina foi o bandeirantes Domingos Jorge Velho, que tinha currículo de exterminador de indígenas. As empreitadas de extermínio anteriores, essencialmente estatais, haviam falhado. A mudança de comportamento militar dos quilombolas também contribuiu para o seu extermínio, pois enquanto usaram guerra de movimento conseguiram iludir e derrotar a repressão, mas quando optaram pela defesa fixa, acabaram destruídos por uma artilharia superior.

O líder Zumbi escapou da queda de Palmares, mas foi capturado e morto em 20 de novembro do mesmo ano. No século XIX nasceram outros tipos de quilombos, cuja resistência não era armada, como o Quilombo do Leblon, ou da Camélias, cuja renda com a produção de flores era usada para quitar emancipações de escravos.  Viajantes ilustres era levados a visitar este tipo de quilombos, mais ou menos, como estrangeiros (principalmente europeus) são levados para passear em favelas cariocas na atualidade. Hoje o Brasil já tem 1252 comunidades quilombolas certificadas pelos Ministérios da Educação e Cultura, sendo a maior parte no Maranhão, o estado que foi o mais escravista na era colonial (66% da população) e que na época Imperial (nas Regências) viveu a Balaiada, cuja repressão coube a , que ganhou o título de Barão de Caxias como prêmio.

 

CUBA EXPULSA da OEA (1962)

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O Dominó de História publica Eventos que constam na sua AGENDA DE HISTÓRIA, que será publicada daqui a algumas semanas. O presidente Kennedy mandou a CIA preparar a invasão de Cuba (de Fidel Castro) por um grupo de exilados cubanos, estacionados na cooperativa ditadura nicaraguense da oligarquia Somoza, que roubava o país há 30 anos. A invasão da Baía dos Porcos foi um fracasso. Em vez de saudar os invasores como libertadores, a população cubana abateu e prendeu os golpistas. Kennedy mudou a estratégia para neutralizar a Revolução Cubana e criou a Aliança para o Progresso, um programa assistencialista que pretendia subornar, com migalhas financeiras e estoques que ninguém queria, os governos e populações miseráveis do Terceiro Mundo. O golpe final veio com a expulsão de Cuba da OEA (a Organização dos Estados Americanos), uma invenção dos EUA para evitar discutir assuntos latino-americanos na ONU. Mas a expulsão não foi uma unanimidade como os EUA pretendiam: o México votou contra; 6 países se abstiveram (o Brasil e mais 5). A ditadura do Haiti (de Papa Doc), votou a favor da expulsão, mas pediu 5 milhões de dólares pelo voto. A expulsão foi em 31 de janeiro de 1962 e completou 52 anos em 2014.

A desastrada invasão gerou a Crise dos Mísseis (1962), que será comentada na data apropriada (16 de outubro), prevista na AGENDA DE HISTÓRIA.

O que aconteceu nos anos seguintes com os personagens citados?

Fidel Castro está vivo e ainda controla o país, através do irmão, Raul. O presidente Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963, numa conspiração nunca esclarecida. A oligarquia dos Somoza foi afastada pela Revolução Sandinista de 1979 e exilou-se no Paraguai, acolhida pelo ditador Stroessner.  O ditador nicaraguense acabou morto por um tiro de bazuca, provavelmente a mando do ditador, pois quem teria uma bazuca no Paraguai? Motivo (suposto) do tiro: flerte do exilado com uma amante do hospedeiro. O Papa Doc agia como se o Haiti fosse uma Capitania Hereditária brasileira e quando morreu (1971), o filho, um adolescente de 19 anos, Jean Claude Duvalier, apelidado Baby Doc, foi promovido a ditador do país e governou desastrosos 15 anos. Segundo os EUA, adolescentes abobados e corruptos podiam ser ditadores, desde que fossem anticomunistas. Em 1965, a OEA patrocinou um golpe na República Dominicana, com participação de tropas brasileiras, enviadas por Castelo Branco.  Apenas em 2001, a OEA aprovou a Carta Democrática das Américas, declarando ilegais todas as mudanças políticas violentas e inconstitucionais, mas mesmo assim os EUA patrocinaram golpes contra Hugo Chávez em 2002.

 

DOIS PRESIDENTES, MUITOS MANDATOS

Getulio de Franklin Roosevelt

Um deles só foi eleito presidente após 15 anos de poder (líder revolucionário, ditador provisório,   presidente eleito indiretamente, ditador) e um afastamento de 5 anos do poder executivo. Retornou eleito pelo povo em 1950, mas morreu sem completar o mandato. Seu nome? GETÚLIO VARGAS. Antes de ser presidente, foi ministro da Fazenda de Washington Luís (o presidente que foi vítima da Revolução de 1930) e governador do RS, sucedendo a Borges de Medeiros, que governou o estado por 25 anos (a reeleição era permitida).

O outro teve 4 mandatos presidenciais seguidos e morreu no início do quarto período. Depois dele, a Constituição foi mudada e limitou a dois mandatos o máximo de permanência no poder. A primeira eleição foi em 1932. Ele enfrentou a crise de 1929 através da intervenção estatal, com o programa de New Deal, inspirado nas ideias do economista inglês Keynes e, segundo ele mesmo, nas práticas brasileiras do presidente Vargas, que chegou ao poder 3 anos antes de Franklin Roosevelt. O filho de Vargas, Getulinho, engenheiro químico e avesso à política, morreu vítima de poliomielite (paralisia infantil, mas que atacava em qualquer idade), a mesma doença que obrigou o presidente dos EUA a usar cadeira de rodas depois de maduro.

71 anos atrás, em 29 de janeiro de 1943, Vargas e Roosevelt se reuniram em Natal para discutir e aprofundar a participação brasileira na SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (cessão de bases nordestinas aos EUA) e o financiamento da siderurgia brasileira (Companhia Siderúrgica Nacional) pelos EUA.   Faço 4 sugestões sobre este tema, sendo as duas primeiras em causa própria:

1) Conheça o assunto em uma exposição em quadrinhos, com fotos e documentos da época, produzidos pelo Dominó de História em um álbum com 15 ilustrações no link

https://t.co/Jd5Mh5czeA

2) Daqui a algumas semanas será publicada a AGENDA DE HISTÓRIA, do Dominó de História, uma obra singular, que você pode conhecer no link

https://t.co/2QA1HRiyVm

3) O livro 1943 Roosevelt e Vargas em Natal, de Roberto Muylaert, Editora Bússola, São Paulo 2012.

4) O livro O BRASIL NA MIRA DE HITLER, de Roberto Sander, Editora Objetiva, 2007. Trata dos torpedeamentos (por submarinos alemães e italianos) de navios mercantes brasileiros no Mediterrâneo e, principalmente, no Atlântico.